Práticas fraudulentas no ensino superior foram tema de debate no IPCA

Aurora Teixeira apresentou os resultados de um estudo que desenvolveu em torno da perceção dos alunos do ensino superior sobre a integridade académica. Este estudo baseou-se nos resultados de um inquérito online a inscritos no ...

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Aurora Teixeira apresentou os resultados de um estudo que desenvolveu em torno da perceção dos alunos do ensino superior sobre a integridade académica. Este estudo baseou-se nos resultados de um inquérito online a inscritos no ensino superior em 2010 e 2015, num total de 9431 estudantes.

Segundo Aurora Teixeira, foi possível retirar deste estudo três conclusões essenciais. Desde logo a de que se verifica uma “elevada incidência da cópia e do plágio entre os estudantes do ensino superior em Portugal”. Uma ideia que decorre das respostas daqueles que admitiram copiar, ou que pelo menos conhecem alguém das suas relações próximas que copia com regularidade, bem como daqueles que admitiram plagiar. Neste último caso, a investigadora destacou o fenómeno da reciclagem de trabalhos de uma disciplinar para outra.

A segunda conclusão essencial aponta para a existência de um “sentimento de impunidade”, já que uma “elevada e crescente percentagem de estudantes afirma que a cópia é deliberada”.

Simultaneamente, “verificou-se uma reduzida percentagem de estudantes que já foram apanhados a copiar e, por outro lado, a sanção mais comum é bastante branda, ou seja, a anulação do exame”.

Finalmente, a terceira grande conclusão do estudo desenvolvido por Aurora Teixeira é a de que o fenómeno da fraude académica é entendido pelos estudantes como “pouco importante”, ou seja, “entendem que não é um problema ou que é um problema trivial”.

Aurora Teixeira destacou, contudo, a existência de “diversos estudos que demonstram que os comportamentos éticos evidenciados enquanto estudantes estão correlacionados com o comportamento profissional futuro”. Considerou, por isso, o fenómeno da fraude académica como de “extrema importância na medida em que os que a praticam muito provavelmente não possuirão as qualificações necessárias para a sua futura vida profissional”.

O sociólogo Ivo Domingues, autor do livro “O Copianço na Universidade – O grau zero na qualidade”, falou sobre alguns dos fatores que contribuem para a fraude académica, designadamente sociais, organizacionais, familiares, morais, psicológicos e tecnológicos.

Debruçou-se, ainda, sobre os impactos que o copianço e o plágio acarretam para as instituições formadoras. Segundo Ivo Domingues, estas práticas prejudicam a legitimidade académica e instituem a injustiça.

Baseando-se naquilo que já inúmeros autores concluíram, acrescentou, por outro lado, que a fraude reduz a capacitação profissional e promove o comportamento não ético no trabalho.

Nesta sessão foram, ainda, apresentadas diversas notícias recentes sobre casos de fraude académica em várias instituições de ensino superior estrangeiras, bem como a forma como estas atuam perante o fenómeno.

No final, teve lugar um debate, no qual foram colocadas diversas questões aos dois palestrantes convidados.