Criatividade dominou o debate nas III Jornadas de Tecnologia do IPCA

Nuno Rodrigues, diretor da Escola Superior de Tecnologia (EST) do IPCA, justificou a escolha deste tema com a necessidade de “transformar em realidade os chavões da inovação e da criatividade, muitas vezes ...

Nuno Rodrigues, diretor da Escola Superior de Tecnologia (EST) do IPCA, justificou a escolha deste tema com a necessidade de “transformar em realidade os chavões da inovação e da criatividade, muitas vezes referidos como a solução para o atual momento de crise em que vivemos”.

Na opinião de Nuno Rodrigues, que falava durante a sessão de abertura das Jornadas, este processo “assenta em dois vetores fundamentais”. Por um lado, “na troca de experiências, criando pontes para percebermos quais são as necessidades e as oportunidades que existem”, o que implica uma “abertura ao mundo” por parte das instituições de ensino superior.

Por outro, “é preciso executar e, para tal, torna-se fundamental possuir conhecimento teórico e conhecimento prático. É essa a missão da EST, fornecendo as ferramentas que permitem aliar estes dois tipos de sabedoria”, disse.

Para tal, Nuno Rodrigues classificou como “uma vantagem” o facto de a EST ter “um corpo docente com excelente preparação teórica e, simultaneamente, ligações ao mercado empresarial, ou seja, ao conhecimento prático”.

E foi, precisamente, na apresentação de alguns casos práticos de sucesso que o programa das III Jornadas de Tecnologia do IPCA se concentrou, tendo como mote fundamental o desafio da criatividade.
O tema foi introduzido com a apresentação de uma pergunta acerca da possibilidade, ou não, de construir software capaz de gerar ideias.

Vítor Santos, docente e investigador da Universidade Nova de Lisboa (UNL), veio ao IPCA dizer que sim e dar exemplos ao apresentar o conceito de Sistema de Informação Criativo.

Trata-se de “um sistema informático que, perante um problema concreto, num dado contexto e aplicando uma técnica de criatividade adequada, gera automaticamente um conjunto de respostas potencialmente inovadoras para solucionar esse problema”.

Esta “capacidade de inovar” é, segundo Vítor Santos, “cada vez mais um fator decisivo na competição empresarial e, até, pessoal”.

O investigador da UNL revelou ter identificado 211 técnicas de criatividade, que “permitem a criação de ideias e funcionam realmente”, dando como exemplo mais conhecido o “brainstorming”. Ora, acrescentou, “se funcionam, o desafio é informatizar algumas delas, criando um software que seja capaz de gerar ideias, substituindo a intervenção humana”.

Escolham já a empresa onde querem trabalhar…

Mas, o ser criativo pode aplicar-se, também, às estratégias utilizadas pelos estudantes para encontrarem um emprego após a conclusão, ou até antes, do ensino superior. Esse foi o desafio abordado por André Luís e Nuno Rivotti, fundadores da Yellow Mammoth, empresa especializada no mercado do entretenimento digital.

A intervenção de André Luís iniciou-se, também, com uma questão dirigida ao auditório, maioritariamente composto por estudantes do IPCA: “Por que é que não selecionam já hoje a empresa onde querem trabalhar?”.

Uma resposta positiva a esta pergunta permite, segundo André Luís, “tornar mais fácil às empresas selecionar” os seus futuros colaboradores. Desafiou, por isso, os estudantes a visitarem, por exemplo, feiras nacionais e internacionais para “procurarem saber o que procuram e de que precisam as empresas que recrutam”. Tal implica, no entanto, “uma mudança de mentalidades na área das universidades em Portugal”.

Assumindo o papel de empresário, André Luís confessou ter, atualmente, “muito medo em recrutar”, pois tal significa “saber se as pessoas que se candidatam a um emprego são capazes de trabalhar em equipa, se reagem bem à negação, como trabalham sob pressão…”.

Nos restantes painéis destas jornadas, foram apresentados outros projetos que aliam tecnologia e criatividade. Cristina Sylla, do Engage Lab, apresentou três interfaces em que a sua equipa está a trabalhar, e Marco Martins, da Scytale, demonstrou como nasceu a plataforma jobLovr, um repositório de profissionais e freelancers à procura de emprego que acabou, simultaneamente, por ser um meio de grande promoção para a sua jovem empresa.

O processo de desenvolvimento de um componente em linguagem de programação Ruby, que tem tido grande sucesso a nível mundial, foi o tema abordado por João Maia, principal responsável do projeto.

As jornadas encerraram com um painel dedicado aos sensores interativos, no qual intervieram João Costa, da SAR, uma empresa especializada em soluções tecnológicas nas áreas da automação e robótica, e Paulo Trigueiro e J. Oliveira, que abordaram, respetivamente, o reconhecimento de gestos e a nanopaint.